*Por Marcus Nakagawa

O ano começa e sempre temos as várias previsões de todos os tipos na área econômica, política, social, empresarial, enfim, em todas as especialidades temos muitos palpites, mas também alguns argumentos mais sólidos.

Neste ano, em que tanto esperamos pela reabertura e normalização, como os “gurus” da área da saúde vêm comentando, a economia mundial tem uma tendência de melhoria, e as empresas começam a planejar novos focos de investimento, reestruturações e desenvolvimento da gestão de uma forma assertiva.

No Brasil, ainda teremos algumas variáveis a serem pesquisadas, como as eleições e a Copa do Mundo, que sempre acabam alterando os planos empresariais.

No caso da sustentabilidade empresarial e ESG, já neste começo de ano tivemos mais um posicionamento da BlackRock, a maior empresa de investimento, que gerencia o valor de quase 10 trilhões de dólares no mundo e 102 milhões de dólares na América Latina de investimentos. Se a empresa fosse um país e o valor que gerencia fosse o PIB, ela estaria somente atrás do EUA e da China, por isso acaba influenciando a governança global corporativa.

O mercado global de investimento focados em ESG movimentou, em 2021, cerca de U$ 30 trilhões, segundo a Bloomberg Professional Services, sendo que este valor pode chegar a U$ 53 trilhões em 2025.

Anualmente, as cartas do CEO da Black Rock, Larry Fink para os CEOs de outras empresas têm direcionado para as questões do ESG e essa avalanche cultural de gestão está afetando também as filiais das multinacionais, os investidores internacionais e as multinacionais brasileiras. Além de todo o mercado nacional e internacional.

Agora no começo deste ano houve cinco atualizações na política de investimentos (2022 Policies Updates) baseado em fatores importantes que são: mudanças climáticas; cada vez mais a diversidade nos conselhos; métricas específicas e transparência maior nos relatórios de sustentabilidade; regras mais rigorosas para incluir a temática do ESG nos bônus dos executivos; e a introdução de uma posição sobre mudanças no estatuto social, ou seja, colocar nos documentos jurídicos o propósito do capitalismo de stakeholders. Ou seja, as barras estão aumentando e as empresas precisam se movimentar!

O público em geral também está sendo atingido mundialmente, segundo os dados do relatório 2021 da Communicating Impact, no ano passado foram 98,7 bilhões de alcance potencial de mídia das temáticas do Desenvolvimento Sustentável do Pacto Global da ONU contra 51,4 bilhões em 2020, estando nos destaques dos principais veículos de mídia do mundo. No Brasil, uma pesquisa de 2021 com 1597 pessoas pela BrandLoyalty em parceria com a Kantar, mostrou a percepção de 88% dos brasileiros com seus valores vinculados à sustentabilidade. Em outra pesquisa de 2020, da Eldeman, com 8 mil pessoas de vários países, 97% dos brasileiros esperam que as marcas solucionem problemas sociais, 72% esperam que uma marca deva tomar medidas para ajudar comunidades em tempos de crise e 83% estão atentas nos que as marcas têm a dizer. Mostrando a importância que o capitalismo de stakeholders precisa chegar no dia a dia das corporações.

Mas será que tudo isso é uma revolução (como já ouvi alguns colegas falarem) ou é um movimento lento e processual?

O significado de revolução é uma transformação radical de uma determinada estrutura, geralmente, feita de uma forma mais abrupta, como as Revoluções Francesa e Inglesa. Mas temos também a Revolução Industrial que teve as suas fases e agora, talvez, estejamos presenciando mais uma.

O movimento do ESG e da sustentabilidade empresarial não tem mais volta, sendo ela uma revolução ou não. Nestes últimos três anos, as temáticas avançaram muito rapidamente se compararmos historicamente desde o começo da sua implementação. E aí tudo vira uma questão de referencial temporal para esta definição de revolução.

Mas, para este ano que inicia, precisamos evoluir para mais educação para a sustentabilidade em todas as empresas, consolidação dos indicadores e métricas de ESG, preparação de mais profissionais pelo desenvolvimento sustentável e divulgação sempre, até que todos saibam a importância deste tema.

 

* Marcus Nakagawa é professor da ESPM; coordenador do Centro ESPM de Desenvolvimento Socioambiental (CEDS); idealizador e conselheiro da Abraps; idealizador da Plataforma Dias Mais Sustentáveis; e palestrante sobre sustentabilidade, empreendedorismo e estilo de vida. Autor dos livros: Marketing para Ambientes Disruptivos, Administração por Competências e 101 Dias com Ações Mais Sustentáveis para Mudar o Mundo (Prêmio Jabuti 2019).

www.marcusnakagawa.com, www.diasmaissustentaveis.com  ;

@ProfNaka

 

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