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O ESG e as Micro e PME’s

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*Por Marcus Nakagawa

O termo ESG, que leva a importância das questões ambientais, sociais e de governança para a gestão empresarial, está no centro das discussões no mundo dos negócios. Os investidores estão buscando os fundos e investimentos que tenham menor impacto negativo para o planeta e para as pessoas.

Considerando essa conjuntura, as empresas caminham buscando contratações de especialistas na área e da implementação de políticas, departamentos, programas, projetos, indicadores e análises de impacto social e ambiental positivos. As instituições financeiras criam grupos de empresas que valorizam a diversidade, o carbono zero, o gênero, entre outros, para mostrar ao mercado que possuem fundos de investimento com causas ESG. Além disso, estas mesmas instituições começam a conceder créditos mais vantajosos quando as empresas apresentam o seu relatório de sustentabilidade, tentando minimizar os riscos.

Mas como é a interação deste termo com as Micros, Pequenas e Médias Empresas (MPME’s) ou como estas empresas estão lidando com o ESG e a sustentabilidade corporativa?

Sabemos que essas empresas são a maioria, por exemplo, de maio a agosto de 2021, de acordo com o Sebrae, as Microempreendedores Individuais (MEIs) eram cerca de 56,7% do número total de empresas com 12,7 milhões de CNPJs. Com a pandemia, este número acabou aumentando, pois, muitas pessoas perderam ou não encontraram posições de trabalho remunerado e tiveram que “se virar” para conseguir pagar as suas contas.

Em relação à temática deste texto, fui buscar uma pesquisa antiga do Sebrae de 2012 – que na época também escrevi um artigo-, com cerca de 3,9 mil pequenos empresários, 87% dos entrevistados afirmavam que a sustentabilidade está fortemente associada a questões ambientais. E nesta pesquisa, 54% dos empresários não identificavam “oportunidades de ganho” nesta temática. Mesmo assim, os empreendedores citavam que realizavam ações com este foco como: Coleta seletiva de lixo (70,2%); Controle do consumo de papel (72,4%); Controle do consumo de água (80,6%); Controle do consumo de energia (81,7%); e Destinação adequada de resíduos tóxicos, tais como solventes, produtos de limpeza e cartuchos de tinta (65,6%). Lembrando que muitas destas ações estão ligadas à questão de eco eficiência, a legislação ambiental com possibilidades de multas e Termos de Ajuste de Conduta (TACs).

Uma outra pesquisa mais atual, de 2018, também do Sebrae, mostrou que 93% dos 1,8 mil empreendedores dizem estar comprometidos com a sustentabilidade, sendo que 93% contratam mão de obra local; 85% apoiam a comunidade local e 80% dão preferência a fornecedores locais, mostrando o fortalecimento do ecossistema da região em que estão inseridos. Neste mesmo levantamento, 63% consideram a sustentabilidade muito importante para as empresas e 54% possuem ações sustentáveis de maneira isolada, esporádica e sem planejamento. E, diferentemente da pesquisa anterior, 91% consideram que a sustentabilidade gera oportunidade para novos modelos de negócios.

Mais do que isso, existem várias empresas e startups que estão sendo criadas para lidar como prestadoras de serviço para os temas de ESG das grandes empresas. Montando assim o ecossistema de soluções de ESG, com muita tecnologia, criatividade e indicadores bem mensurados. Muitas destas ESGtechs estão trabalhando com o sistema de blockchain para fechar o ciclo de dados e informações nos processos ambientais de resíduos, carbono ou de desmatamento, por exemplo.

Porém, faço um questionamento: no caso de um pequeno ou micro empreendimento tradicional, como uma padaria, um salão de cabelereiro ou ainda um prestador de serviços de limpeza, pode inserir a sustentabilidade e ter indicadores ESG no seu dia a dia? Tendo ainda que lidar com tantas atividades e projetos de sobrevivência pessoal e do negócio?

A primeira atitude é querer, pois se for de mau agrado não funcionará. A MPME terá que entender, primeiramente, que não é algo supérfluo ou que fará só porque está na moda e, sim, entender que é mais uma ferramenta de gestão necessária para minimizar os seus riscos, aumentar a sua visibilidade, inovar, se diferenciar do mercado, fazer ecoeficiência e gastar menos dinheiro.

O próximo passo é buscar quais os pontos mais rápidos e fáceis de fazer na organização o que no mundo da gestão chamamos de quick win, ou seja, que tenha um ganho rápido. Geralmente, começar pela melhor gestão da água, da energia e dos resíduos, que pode trazer um ganho financeiro mais rápido e um menor impacto ambiental. Na parte social, se relacionar melhor com a comunidade do entorno ajudando ONGs ou instituições religiosas locais, além de trabalhar e tratar muito bem os colaboradores, quem sabe investindo em educação para eles e elas.

Neste artigo fica muito difícil passar todas as dicas, então, a maior delas é buscar várias informações disponíveis no Centro Sebrae de Sustentabilidade (https://sustentabilidade.sebrae.com.br) que possui muitas cartilhas, vídeos e afins.

E se você é uma grande empresa, que tal incentivar os seus fornecedores de todos os tamanhos para se capacitarem em torno do desenvolvimento sustentável? Com certeza será um ganha-ganha pois, com isso, diminuirá os seus riscos ambientais, éticos e sociais na sua cadeia de valor.

É isso, todos precisam se mobilizar para acelerar o processo de implantação desta ferramenta de gestão tão necessária atualmente na nossa realidade ambiental e social.

* Marcus Nakagawa é professor da ESPM; coordenador do Centro ESPM de Desenvolvimento Socioambiental (CEDS); idealizador e conselheiro da Abraps; idealizador da Plataforma Dias Mais Sustentáveis; e palestrante sobre sustentabilidade, empreendedorismo e estilo de vida. Autor dos livros: Marketing para Ambientes Disruptivos, Administração por Competências e 101 Dias com Ações Mais Sustentáveis para Mudar o Mundo (Prêmio Jabuti 2019).

www.marcusnakagawa.com, www.diasmaissustentaveis.com  ;

@ProfNaka

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