*Fernando Silva, CEO da PWTech

Ao longo dos últimos 20 anos, a Organização das Nações Unidas (ONU) tem alertado que o volume de água dos reservatórios no mundo todo está caindo um centímetro por ano. Embora a manifestação venha de uma das maiores e mais importantes entidades do mundo, o problema está longe de ter uma solução.

Para piorar, apenas 0,5% de toda água potável do planeta é usada para consumo, uma vez que, infelizmente, grande parte é desperdiçada. Recentemente, o Instituto Trata Brasil divulgou um levantamento que apontou que, só no Brasil, 39,2% de toda a água tratada não chega ao seu destino final: a casa dos brasileiros. Na prática, isso significa que 7,5 mil piscinas olímpicas de água potável são desperdiçadas diariamente ou o equivalente a sete vezes o volume do Sistema Cantareira.

Diante desses números, você deve estar se perguntando o que acontece no sistema de abastecimento de água do país que perde milhares de litros de água todos os dias. O que nos preocupa, como uma startup que lida com um dos bens mais preciosos do planeta, é que a resposta é simples mas preocupante: desperdício, vazamentos e fraudes são as principais causas do problema.

Por exemplo, de acordo com a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), o gasto exagerado e os famosos “gatos” ainda continuam elevados. Só no estado, a média anual de perda de água entre 2014 e 2019 foi de 823 bilhões de litros d’água, o suficiente para abastecer a capital paulista por um ano, que no mesmo período consome por volta de 685 bilhões de litros.

Todo esse volume de água perdida seria o suficiente para suprir a necessidade dos 35 milhões de brasileiros que hoje não têm acesso à água potável – e ainda sobrar. A quantidade de água desperdiçada seria suficiente para abastecer mais de 63 milhões de brasileiros em um ano, equivalente a 30% da população brasileira em 2019.

A situação é grave e precisa ser enfrentada com urgência, pois a água é uma questão chave entre as metas de 2030 para os Objetivos para Desenvolvimento Sustentável (ODS), aprovada pela Assembleia Geral da ONU, em 2015, sem contar os impactos econômicos para o país. Há, inclusive, estudos que apontam que se o Brasil reduzisse as perdas de água poderia ter um benefício de mais de R$27 milhões em 15 anos — até 2034.

A PWTech entende que a solução envolve diversos setores, passando por ações estruturadas e eficientes dos sistemas de saneamento até o combate ao furto de água. Nós, como representantes do setor privado, procuramos fazer a nossa parte ao criar um sistema simples, portátil e acessível de tratamento de água.

Mas também ansiamos por mais investimento em soluções de qualidade, que suportem as exigências técnicas das redes de água com mais maestria e uso inteligente dos recursos financeiros. Dessa forma, é possível garantir um melhor aproveitamento dos recursos hídricos no Brasil, tornando possível, um dia, atender a milhares de famílias que hoje ainda vivem sem água potável, um direito humano defendido pela ONU e por nós também.

*Fernando Silva é CEO da PWTech, startup brasileira, com várias premiações, voltada para a purificação de água contaminada. É responsável pela identificação de investidores para participação em diferentes projetos, na sua maioria voltados para sustentabilidade e tecnologia social, entre outros. Além disso, Fernando é especialista em negociação na busca de canais alternativos para captação de resultados comerciais, operacionais e financeiros, além do esperado.

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