Maior parte dos aportes de baixo carbono foram direcionados a veículos elétricos, foco de 41% dos investimentos, armazenamento de energia (23%) e energia solar (17%). Tecnologias emergentes receberam só 3% do total investido

Dados de um relatório do Boston Consulting Group (BCG) mostram que desde 2016 cerca de US$ 160 bilhões foram investidos em tecnologias de baixo carbono. Porém, para zerar as emissões líquidas (net-zero) até 2050, a principal meta do Acordo de Paris, a Agência Internacional de Energia (da sigla em inglês IEA) estima que seria necessário o investimento de US$ 21 trilhões de 2022 a 2030 em projetos nesse campo. O valor representa uma média de US$ 470 bilhões por ano, montante equivalente a cerca de oito vezes o aplicado em 2021.

Além dos baixos investimentos, outro problema é que a maior parte dos aportes nos últimos cinco anos foram direcionados a tecnologias que já são relativamente maduras, como os veículos elétricos, foco de 41% dos investimentos, armazenamento de energia (23%), energia solar (17%) e eólica (7%), enquanto tecnologias emergentes representaram só 3% do total.

O dado preocupa, pois, as novas tecnologias deveriam ser as grandes aliadas da descarbonização da economia nos próximos anos — a IEA estima que mais de um terço das reduções das emissões viriam delas. Alguns exemplos dessas inovações são o hidrogênio verde, as soluções de analytics climáticas e as tecnologias de captura, utilização e armazenamento de carbono (CCUS, da sigla em inglês).

A boa notícia é que, mesmo que em estágio incipiente, os investimentos do segmento estão aumentando. Os aportes em tecnologias de baixo carbono quase dobraram desde 2020, e tem projeção de alcance de US$ 57 bilhões até o fim de 2021. Isso também vale para as tecnologias emergentes, que cresceram em representatividade, passando de apenas 1% do total em 2016 para 6% em 2021.

“Os fundos de corporate venture são os que mais estão demorando para enxergar o potencial das tecnologias novas. Elas são uma oportunidade única para combater as mudanças climáticas e, ao mesmo tempo, gerar vantagem competitiva significativa — são alternativas que podem diferenciar as empresas que as adotam, mas também quem investe nelas, pois têm retorno estratégico e financeiro acima da média”, avalia Bruno Simão, diretor-executivo e sócio do BCG.

Para o executivo, o ecossistema de investimento privado é crucial para o sucesso das novas tecnologias. “É esse segmento que tradicionalmente financia startups e as iniciativas inovadoras. Eles podem estimular empresas de baixo carbono rapidamente e expandir o uso e popularidade de novas tecnologias no mercado”, diz.

O estudo completo pode ser acessado neste link.

Previous articleProdutora de bebidas brasileira vai construir nova fábrica de vidros sustentáveis
Next articleBrasil está em 18º entre países com compromisso de reduzir emissões do efeito estufa

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

20 − 13 =