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Blockchain além das criptomoedas: empresas usam a tecnologia para promover a regeneração do meio ambiente

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Por meio de contratos inteligentes é possível garantir segurança e transparência em compensações de carbono e ações de reciclagem

 

O blockchain é uma tecnologia que garante a segurança dos dados, evitando que sofram qualquer tipo de alteração ao longo de sua existência. Como uma impressão digital, que permanece sempre a mesma. Muito usada hoje no setor financeiro (nasceu atrelada às criptomoedas), trata-se de um sistema que impede qualquer tipo de fraude, por meio da transparência total. O que pouca gente sabe é que as aplicações do blockchain vão muito além disso e estão sendo usadas para a emissão de certificados de compensação ambiental e contratos inteligentes, por exemplo.

A eureciclo, maior certificadora de logística reversa de embalagens do Brasil, por exemplo, utiliza o blockchain e a Inteligência Artificial desde 2019 para tornar os processos de reciclagem mais confiáveis e transparentes, beneficiando todos os atores da cadeia.

A tecnologia é empregada pela startup como forma de comprovar que as embalagens passam, de fato, por todo o ciclo e voltam para a indústria após recicladas. Além disso, impede que a mesma tonelada de material reciclada por uma cooperativa seja vendida mais de uma vez, em duplicidade. Por meio desse sistema, a eureciclo conseguiu garantir, desde a sua fundação, a compensação de mais de 214 mil toneladas de resíduos pós-consumo e a remuneração de operadores e cooperativas ultrapassou R$11 milhões.

O blockchain também é utilizado pela MOSS, maior plataforma ambiental na compra e venda de créditos de carbono do mundo, para a transação deste ativo digital verde, na compensação de CO2. Um crédito de carbono é um ativo imaterial que equivale a evitar a emissão de 1 tonelada de CO2 (dióxido de carbono) em um determinado ano por meio de projetos de conservação de florestas, reflorestamento de áreas devastadas, energia limpa, biomassa, entre outros.

Com atuação global e sede no Brasil, a MOSS começou a operar no início de 2020, quando lançou o primeiro verdadeiramente global token lastreado em crédito de carbono, o MCO2. “O token, armazenado em blockchain, oferece facilidade, transparência, escala e segurança para a compensação de pegada de carbono”, explica Luis Felipe Adaime, fundador e CEO da MOSS.

Desde o início de sua operação, a MOSS e seus parceiros destinaram, com segurança, cerca de 13 milhões de dólares a projetos da Amazônia, que contribuíram para proteger uma área total de 1 milhão de hectares e preservar cerca de 780 milhões de árvores.

Desafios no Brasil

No Brasil, ainda há certo receio relacionado ao blockchain devido ao pouco conhecimento sobre a tecnologia. Para Elcio Ferreira, CTO da eureciclo, um dos principais desafios para a implementação mais democrática da prática no setor de logística reversa de embalagens é, tanto o conhecimento dos benefícios que a tecnologia pode trazer em termos de segurança, governança e confiabilidade das transações comerciais, como disponibilidade de investimento na infraestrutura necessária para esta rede, seja por parte de operadores ou outras entidades certificadoras, e mão de obra qualificada para o desenvolvimento e manutenção das integrações entre sistemas e as redes de blockchain.

A eureciclo está tentando mudar esse cenário ao conectar empresas que precisam fazer a reciclagem de suas embalagens com cooperativas e operadores, garantindo uma remuneração justa pelo serviço ambiental prestado. “Com isso, as recicladoras podem investir em tecnologia, contratação de pessoal, ampliação da operação, compra de novas máquinas, equipamentos de segurança, entre outros”, completa Elcio Ferreira.

Compensação ambiental

A compensação ambiental é um mecanismo financeiro com o objetivo de contrabalançar os impactos ambientais e uma das ferramentas mais importantes nesse sentido. Ela vem como uma alternativa possível e muito benéfica para todos os lados.

Por exemplo, as empresas que emitem gases de efeito estufa, podem comprar créditos de carbono de instituições que preservam as florestas e os oceanos. Um cálculo é feito para estimar quantas árvores ou corais seriam necessárias para neutralizar a quantidade emitida de CO2 dentro de um período. A remuneração, então, é utilizada para que mais árvores sejam preservadas, por exemplo. O blockchain garante que o gás carbônico retirado da atmosfera por uma única árvore não seja vendido para mais de uma empresa.

Já na logística reversa de embalagens, quem as produz deve informar a quantidade e quais materiais foram usados (vidro, plástico, papel, alumínio etc.) e remunerar as cooperativas e operadores pela triagem e, posteriormente, a reciclagem da mesma quantidade desse material na mesma região em que foi vendido. O dinheiro entra como um complemento ao valor que a cadeia de reciclagem recebe ao vender para a indústria os itens recuperados. “Isso permite até mesmo a viabilidade da reciclagem de materiais economicamente inviáveis, pois torna o custo mais vantajoso”, diz Marcos Matos, diretor de marketing e vendas da eureciclo.

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