“CXO Sustainability Report 2022” indica que brasileiros estão otimistas – ampla maioria (89%) concorda que, com ação imediata, é possível limitar os piores impactos das mudanças climáticas

Os assuntos ligados ao meio ambiente ganham cada vez mais notoriedade no mundo todo. Preservação da natureza, adoção de ações sustentáveis e as tentativas de redução dos danos ambientais a médio e longo prazos são preocupações que vêm fazendo parte do cotidiano da sociedade. No mundo corporativo, isso não é diferente: as mudanças climáticas fazem parte das preocupações da maioria (75%) dos empresários brasileiros, de acordo com a pesquisa “CXO Sustainability Report 2022”, realizada pela Deloitte, maior organização de serviços profissionais do mundo. A pesquisa foi feita com mais de 2 mil CXOs (Chief Experience Officers — executivos do alto escalão responsáveis pela experiência geral do cliente), em 21 países, incluindo o Brasil.

A ampla maioria dos entrevistados brasileiros (83%) acredita que o planeta está em um ponto de mudança em relação ao assunto — número que teve um aumento de 15%, de acordo com pesquisa divulgada pela Deloitte no início do ano passado, a “Climate Check 2021”, em que 68% dos executivos afirmaram acreditar que o momento da mudança é agora. Na nova pesquisa, apenas 17% dos entrevistados do Brasil acreditam que o mundo chegou a um ponto sem volta, com danos climáticos irreversíveis — no estudo anterior, essa era a percepção de quase metade (46%) dos respondentes.

“A mudança climática não está mais em um futuro distante ou mesmo próximo. Ela está aqui no presente e é urgente. E os líderes estão cada vez mais conscientes de que esse é o momento de agir, mas o sentimento de otimismo deve ser cautelosamente avaliado, pois um assunto de grandes dimensões e que pode gerar variáveis incalculáveis, pode requerer ações e custos que demandam um bom planejamento e estratégia de uma empresa. Já seguimos na direção certa, mas o caminho ainda é longo”, afirma Anselmo Bonservizzi, líder da prática de ESG da Deloitte.

A preocupação dessas empresas é influenciada pelo impacto que a mudança climática já gera e o que mais influenciará; 92% dos CXOs brasileiros acreditam que já existe uma emergência global; 94% afirmam terem sido pessoalmente impactados e, desse grupo, 85% apontam o calor extremo como principal fator, colocando o Brasil entre os três primeiros países pesquisados que tiveram mais profissionais afetados. A escassez de água (54%), os incêndios florestais (52%), a seca severa (42%) e tempestades mais frequentes e fortes (21%) foram outros impactos citados pelos brasileiros, todos com média de respondentes maior do que a global. Inundações graves, fator citado por 17% dos brasileiros, foi o único entre os impactos mencionados que preocupa mais os entrevistados globalmente (31%).

Existe um sentimento de mais otimismo para os executivos brasileiros; 89% concordam que, com uma ação imediata, pode-se limitar os piores impactos gerados pelas mudanças climáticas — na pesquisa realizada no início de 2021, 54% dos CXOs acreditavam nisso. Para os especialistas da Deloitte, é necessária uma reflexão aprofundada sobre esse grau de otimismo para entender se ações efetivas estão sendo adotadas pelas organizações, pois são necessárias boas práticas e que os executivos estejam atentos às tendências para, de fato, colocá-las na agenda das empresas, que já são bastante maduras para alguns aspectos, mas nem tanto para outros.

A grande maioria (93%) afirma que suas organizações já foram impactadas pelas mudanças climáticas (ante 97% dos líderes globais que disseram o mesmo). Os principais danos apontados pelos executivos brasileiros foram impactos operacionais por conta de desastres relacionados ao clima (48%), incertezas regulatórias e/ou políticas (47%), aumento dos custos de seguros ou falta de disponibilidade de seguros (45%), pressão da sociedade civil (42%) e escassez de recursos (40%).

“As escolhas que fazemos hoje determinarão a qualidade de vida das próximas gerações e as organizações podem auxiliar a modelar novas formas de ação e cooperação, que identifiquem as melhores ideias e criem soluções inovadoras (novas e duradouras), que terão um maior impacto para elas próprias e seus profissionais, para outras empresas e para as comunidades em todo o mundo”, afirma Alex Borges, sócio e líder de Regulatory Support & Strategic Risk da Deloitte.

Empresas brasileiras sentem pressão de stakeholders e já realizam ações sustentáveis

A pesquisa revela que as organizações de todo o mundo, incluindo as brasileiras, se sentem pressionadas a agir em relação às mudanças climáticas por parte de seus stakeholders. A maioria aponta que a maior pressão vem por parte dos reguladores/governos (85%); na sequência vêm a sociedade civil (81%), os clientes (78%), investidores (78%), membros do conselho (76%), concorrentes (64%), funcionários (61%) e bancos e credores (57%).

As organizações estão agindo, e os CXOs brasileiros afirmam já realizar ações e adaptações nas empresas como parte dos esforços de sustentabilidade: 80% apontam a utilização de materiais mais sustentáveis (reciclados e produtos com baixa emissão de carbono, por exemplo) como a principal ação, seguida de treinamento de funcionários sobre ações de impacto climático (73%) e melhoria da eficiência do uso de energia (71%). A atualização de instalações para torná-las mais resistentes aos impactos climáticos (51%), o desenvolvimento de novos produtos ou serviços “climate-friendly” (50%) e a incorporação de considerações climáticas em lobby/doações políticas (50%) são apontados como os três fatores mais difíceis de implementar e que necessitam de ação. Os CXOs brasileiros destacam o moral dos funcionários, a satisfação do cliente e o reconhecimento e reputação da marca (todos por 61% dos respondentes), como os três principais benefícios de seus esforços climáticos.

Próximos anos preocupam líderes, que consideram o papel do governo importante para mitigar riscos 

Para 60% dos brasileiros participantes da pesquisa, é muito alta ou alta a chance de que as mudanças climáticas afetem as operações e as estratégias das empresas nos próximos três anos; para 38% esse risco é considerado moderado, enquanto 2% acreditam que há pouco ou nenhum risco. Entre os obstáculos para o impulsionamento dos esforços de sustentabilidade dentro das empresas no Brasil, foram apontados: as mudanças necessárias são de magnitude muito grande (35%), foco em questões de negócios a curto prazo e demandas de investidores (32%), dificuldade de mensurar os impactos ambientais (26%), fornecimento insuficiente de insumos sustentáveis (24%) e preocupação em alienar clientes ou funcionários ao tomar uma posição (24%).

É importante, para 95% dos executivos brasileiros, que o governo desempenhe um papel para mitigar os impactos das mudanças climáticas — a média é praticamente igual à global, de 94%. Apenas 29% dos brasileiros acreditam que o governo está fazendo um bom trabalho nesse sentido. 84% dos brasileiros (mesma média global de respostas) dizem que são mais propensos a votar em um candidato que tenha a intenção de apoiar ações que ajudem na mitigação dos impactos da mudança climática.

Metodologia

A “CXO Sustainability Report 2022” entrevistou 2.083 executivos CXO — 127 brasileiros –, durante setembro e outubro de 2021, em 21 países: 44% da Europa/África do Sul, 31% das Américas e 24% da Ásia-Pacífico. Todos os principais setores da indústria foram representados na amostra global e de Brasil. O relatório foi realizado em parceria com a KS&R Inc. e as entrevistas selecionadas, uma a uma, com líderes globais da indústria.

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