A Associação dos Funcionários Públicos do Estado de São Paulo (AFPESP) adotou medidas para reduzir o consumo de eletricidade em sua sede administrativa e social, localizada à Rua Dr. Bitencourt Rodrigues, 155, no Centro da capital paulista, e nas suas unidades regionais e de lazer. Eli Roberto de Oliveira, supervisor de Engenharia e Projetos da Coordenadoria de Obras, salienta que uma das principais ações refere-se ao ar-condicionado, “o grande vilão a ser enfrentado em um projeto de racionamento de energia, pois representa 30% a 40% do valor da conta de luz, dependendo do seu uso”. Por isso, optou-se por equipamentos que têm o melhor desempenho e eficiência energética, possuem o selo COP (Coeficiente de Performance).
No espaço do retrofit do salão de festas, no qual há 20 aparelhos, foram instalados medidores de dióxido de carbono, visando identificar quantas pessoas estão presentes. Assim, o equipamento ajusta-se automaticamente, racionalizando o funcionamento do ar-condicionado e evitando o consumo desnecessário de energia. Exemplo: se no ambiente, com capacidade para 300 pessoas, houver apenas 10, o equipamento liga parcialmente o ar-condicionado, o suficiente para manter o ar satisfatório. A graduação vai aumentando na proporção em que cresce o número de pessoas presentes.
No andar da presidência e em mais quatro pavimentos do prédio foram instaladas películas solares nos vidros. “Um dos grandes pontos que determinam o aquecimento das salas é o da luz solar. A temperatura sem essa proteção pode chegar a 40 graus na parte interna do vidro, devido aos raios solares”, explica Eli Roberto. A película que a AFPESP colocou reduz em torno de 70% a transmissão de calor para dentro do ambiente. Assim, o ar-condicionado, que já possui o sistema de otimização do funcionamento, também trabalhará menos, reduzindo o consumo energético.
Nas salas com maior movimento e presença de pessoas, foram instaladas persianas solares. Isso permite a iluminação externa com redução ainda maior do aquecimento dos raios solares. “Tudo foi pensado para reduzir o consumo de energia do ar-condicionado. A intenção é instalar tanto a película nos vidros como as persianas solares em todas as salas do prédio”, revela Eli Roberto.
As persianas solares implantadas em algumas salas da Sede Social, ao mesmo tempo em que permitem a iluminação externa, bloqueiam a transferência do calor, reduzindo também o aquecimento interno. Trata-se de um avanço em relação às persianas antigas, que eram metalizadas e bloqueavam a claridade das salas.
Em diversos ambientes, principalmente nas Unidades Regionais da AFPESP, também são utilizadas cortinas de ar nos acessos, para ajudar no desempenho do ar-condicionado. “Outro item que faz toda a diferença no consumo de energia é a manutenção dos aparelhos. A entidade mantém essa verificação constante e segue corretamente as recomendações com relação aos filtros de ar, cabeamento e pressão das condensadoras. Tudo isso auxilia no consumo menor de energia”, explica o especialista.
Na Sede Social, com relação à iluminação, foram instaladas paredes internas com vidro, proporcionando melhor aproveitamento da luz externa. Outra medida foi o uso de lâmpadas de led de baixa potência, que representam redução de 30% no consumo de eletricidade em relação a uma lâmpada fluorescente. De modo geral, na Sede Social há cerca de 50 lâmpadas por andar. O prédio tem 13 andares, ou seja, possui mais de 600 lâmpadas. A redução de consumo e custo é extremamente relevante nesse caso.
Ações nas Unidades de Lazer
Também proporcionando economia de energia proveniente da rede elétrica, foi instalado sistema de aquecimento com placas solares nas unidades de lazer de Peruibe II, Areado e Guarujá. Nesses locais, também há sensor de presença, timer ou fotocélula em áreas de circulação, estacionamentos e jardim com iluminação. À noite, as lâmpadas ligam automaticamente e, após as 22 horas, reduzem a intensidade, restando apenas os pontos de balizamento para quem está acessando o local. Como as unidades têm uma área de paisagismo grande, esse sistema inteligente acaba contribuindo para a redução do consumo de energia. As recepções também possuem esse sistema de redução de iluminação nos horários fora do fluxo.
Em Itanhaém e no prédio da entidade à rua Emílio Torres, na Capital, há coberturas com isolamento térmico em chapas metálicas, com núcleo isolante com material EPS. “O sistema, geralmente adotado na cor branca, para refletir a luz, ajuda na redução de aproximadamente sete graus do aquecimento interno. Ou seja, não faz a troca de calor com o ambiente externo de maneira tão rápida”, salienta Eli Roberto.
Na Fazenda Ibirá, no interior paulista, que deverá ser reaberta até o final do ano, é utilizada energia fotovoltaica, com painéis solares geradores de energia. Trata-se de um projeto-piloto, a ser posteriormente implantado em outras unidades. Em Peruíbe II também há sistema de placas solares, mas para aquecimento de água (boilers). O sistema de energia solar não substitui outra fonte de energia, como o gás ou eletricidade. É um complemento para redução. Não se pode ter um e não ter o outro. No caso dos boilers o gás, só será ativado se a energia solar não atingir o nível desejado para manter a temperatura programada.
A Unidade de Lazer do Guarujá, a maior unidade da AFPESP, com 189 apartamentos, passou por ampla reformulação, a começar pelo retrofit: troca de todas as placas solares; readequação do sistema hidráulico; automatização do sistema; implantação de válvula de fluxo e equalização das placas dos boilers (disposição dos equipamentos); e otimização do sistema de aquecedores a gás. Hoje funcionam com menos esforço. Na unidade como um todo, realizaram-se as seguintes reformas: instalação de seis novos armazenadores térmicos com capacidade de 1.500 litros em substituição aos antigos; novo traçado de interligação de armazenadores, aquecedores a gás, retorno e parcialmente o sistema solar; implantação de válvulas de regulagem de vazão e ventosas nos coletores; fornecimento de novas bombas gerais do sistema solar e gás, sendo duas bombas para o solar em dois circuitos e quatro para o sistema a gás em dois circuitos (titular e reserva); isolamento térmico novo entre armazenadores térmicos e ida e volta do gás; e ajustes de traçados hidráulicos, dutos, flexíveis, terminais T, nos aquecedores de passagem.
“Paulatinamente, todas as unidades terão todos esses avanços, à medida que forem sendo reformadas”, informa Eli Roberto, concluindo: “Economizar eletricidade é sempre importante, pois a sustentabilidade de todas as organizações e empreendimentos é uma prioridade mundial. Mais ainda neste momento, no qual o Brasil enfrenta uma crise hidroenergética”.